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Arquitetos: ENOTA
- Área: 3527 m²
- Ano: 2013
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Fotografias:Miran Kambič
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Fabricantes: Intra Lighting
Descrição enviada pela equipe de projeto. O mosteiro dominicano em Ptuj possui mais de 800 anos de história, que são, em vários graus de aparência, expressos na estrutura do edifício. Os dominicanos vieram para Ptuj no início do século 13, quando eles receberam um lote dentro das muralhas da cidade, no limite do canto oeste. Ao lado dos edifícios românicos existentes, começaram a construção do mosteiro e da igreja, cuja transformação de sua configuração românica até a forma barroco atual teve várias fases góticas provisórias. O restante do complexo do mosteiro também compartilha de um destino similar; no entanto, muito mais da estrutura gótica medieval está preservada lá.
Após a dissolução do mosteiro no final do século 18, o prédio viu uma série de usos, servindo como quartel, um hospital, um museu, e proporcionando habitação social, para citar apenas os mais significativos. Durante este tempo, o complexo de edifícios teve seus altos e baixos, mas cada papel que serviu deixou uma marca em forma de extensões e conversões. A nave foi a parte que mais "sofreu", tendo perdido toda a sua porção apsidal - quase uma metade do edifício - no Baroquisation (sua parte barroca). A nova nave barroca foi espremida entre as paredes longitudinais restantes e até hoje exibe seu volume alongado incomum. No tempo após a dissolução do mosteiro, a igreja foi dividida em três andares ao longo de seu eixo vertical, que efetuou a criação de aberturas de janelas adicionais por meio do rompimento das paredes. Na parte restante do mosteiro, as intervenções nunca foram tão destrutivas, principalmente, consistiram na criação de extensões e pisos adicionais, e, após a dissolução do mosteiro, convertendo espaços maiores em mais espaços menores.
Com o seu passado esplendoroso e inspirador, seguido de um destino infeliz após a dissolução da fraternidade, a renovação do mosteiro dominicano representa uma tarefa exigente de grande responsabilidade. Para uma renovação bem-sucedida de um edifício histórico, a chave é manter o edifício em serviço e se esforçar para que o novo programa mostre o seu valor histórico, bem como o seu mérito artístico. A construção também tem de ser adaptada para o seu uso futuro sem grandes intervenções invasivas, que prejudicariam a sua estrutura histórica. Um centro cultural e de convenções se aproxima da função que o edifício tinha no momento da sua conclusão: no passado, os mosteiros desempenhavam o papel de centros culturais e científicos, enquanto que na Idade Média, as igrejas serviram como um dos únicos locais para manifestações públicas em ambientes cobertos.
Devido às semelhanças no programa, o complexo do mosteiro serve ao novo esquema de organização quase que de maneira impecável. O salão de eventos principal situa-se na nave antiga, enquanto que todos os demais espaços auxiliares restantes estão alinhados em torno do claustro, há um salão menor no refeitório antigo, e outro nos espaços de trabalho de outrora. O claustro serve como um hall de entrada e também como o nó principal de todos os caminhos através do edifício. O entrelaçamento de diferentes estilos de construção constitui ambientes frágeis e sensíveis, que oferecem uma excelente estrutura espacial já por conta própria. Todas as pequenas deficiências que afetam o conforto dos usuários são ricamente compensadas pela experiência artística e histórica.
A busca perene pelo compromisso entre as exigências de conservacionistas e exigências funcionais do novo conteúdo foi levada adiante com idéias arquitetônicas guiadas principalmente pelas atitudes de respeito para com o patrimônio edificado e cultural. Levando isso em conta, outro desafio na renovação do mosteiro foi a diferença no tempo necessário para uma renovação completa pelas várias partes envolvidas. Enquanto a arquitetura tem de fornecer todos os espaços necessários exigidos pelo programa previsto já na primeira fase, para que o complexo funcione corretamente, os trabalhos de conservação e a restauração são realizados em etapas e leva muito mais tempo. É devido as extensas superfícies pintadas, as quais foram apenas parcialmente descobertas e restauradas, que a nova intervenção é limitada exclusivamente às superfícies onde nenhum novo achado arqueológico ou intervenções de conservação são esperados: o chão. O piso contém a gama completa das novas funcionalidades tecnológicas exigidas pelo centro cultural e de convenções renovado, a partir da rede para instalações de aquecimento, ventilação, iluminação e som. As superfícies das paredes permanecem intactas e prontas para a restauração exigida, que necessitará de tempo adicional quando o prédio já estiver em uso .
O próprio fato de que ele tem que conectar os espaços acabados e aqueles ainda não terminados - originando, como se isso não fosse suficiente, a partir de diferentes períodos históricos -, a expressão desse novo " tapete " vem com um pouco mais de presença do que o esperado. Os espaços são amarrados juntos em um todo, num projeto mais sólido, por um pavimento de concreto preto, que é suficientemente neutro para não competir com a beleza revivida das peças restauradas do edifício, e ainda contrastando o suficiente para abafar o caos das peças do prédio ainda aguardando conclusão. Este conceito espacial de design simples caracteriza uma guinada fundamental no principal espaço para eventos - a nave. Após a construção dos pisos adicionados ter sido demolida, o trabalho arqueológico posterior revelou resultados ricos na seção central da igreja gótica de outrora. Os sepulcros, reredos, e os restos dos degraus e pisos feitos de lápides romanas, serão apresentados "in situ". Acima desta seção, o novo piso é consequentemente levantado no espaço, formando camadas de patamares para os visitantes ao mesmo tempo, e agindo como uma partição espacial entre a igreja barroca reconstruída e os restos do antigo edifício gótico.
O caminho ao longo da escada para assentos dos visitantes é, deste modo, uma seqüência de diferentes experiências espaciais. Tendo tomado um passeio em meio aos achados arqueológicos, o primeiro pouso oferece uma vista da planta do antigo edifício de estilo gótico, no segundo patamar, pode-se tomar um olhar mais atento sobre os detalhes das recém-descobertas arquiteturas medievais, enquanto que no final, em direção ao topo, a vista de todo o esplendor da nave barroca se abre gradualmente. O contraste entre o novo piso e a substância histórica do antigo mosteiro é deliberadamente maior na aparência preto-em-branco do salão principal, fazendo referência ao famoso hábito preto e branco da Ordem Dominicana, onde o branco é um símbolo de inocência e o preto de modéstia.
https://vimeo.com/73215148